Devemos Crer na Bíblia Piamente?

A Bíblia para os protestantes é a única regra de fé e prática, ela é a “palavra de Deus”, cada um dos seus textos foi divinamente inspirado e dela nada pode ser retirado, nem a ela acrescido. Vale transcrever aqui o judicioso comentário do escritor RUBEM ALVES:

“Parte-se de um “a priori” dogmático: A Bíblia foi escrita por inspiração de Deus. Mas, mais do que isto. Não basta dizer “foi”, porque então entraríamos no campo das mediações históricas. Como garantir que o texto não foi corrompido? E com isto a autoridade se dissolve pela dúvida. O texto foi preservado puro em todos os séculos, de sorte que o texto que temos hoje diante de nós contém, na sua totalidade, as próprias palavras de Deus. A Bíblia é, assim, a voz de Deus”. (“Protestantismo e Repressão”, ed. Ática, pg. 98).
Nós não temos da Bíblia a mesma noção que os nossos irmãos evangélicos. Respeitamo-la como um repositório de ensinamentos divinamente inspirados e, sobretudo, como acervo documentário da história do povo hebreu. Duas mensagens importantes nela se inserem, visando a impulsionar os homens pela senda do progresso: Uma no Antigo Testamento, consistente no código de moral ministrado por Moisés com as “Tábuas da Lei”. Outra no Novo Testamento, dada por Jesus, com a noção da imortalidade da alma e das recompensas e punições após a morte, segundo as obras, boas ou más, do ser humano em sua existência terrena.
Essas mensagens são consideradas “revelações” e o são, com efeito, no sentido de constituírem ensinamentos novos para o povo a que eram dirigidas; mas, se compulsarmos a História, veremos que não foram ensinos dados em primeira mão, pois outros povos mais antigos, já os haviam recebido.


O Velho Testamento, em séculos composto,
contêm a tradição e a saga dos hebreus:
Seus juízes e reis, seus heróis e profetas,
“olho por olho” é a Lei, Jeová zeloso é o Deus.


Mas eis que vem Jesus e, afastando a cortina
da opressão, faz brilhar excelsa claridade;
surge, em manhã radiosa o Novo Testamento
com mensagens de paz, perdão, fraternidade.


Cristo veio mostrar que a morte não existe,
que a vida continua, e o galardão consiste
em receber cada um segundo o que fizer.


Cada qual examine bem o ensinamento,
veja, à luz do Evangelho, o seu comportamento
e diga que é Cristão, depois, se assim quiser.
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